A Anajus manifesta repúdio à nova tentativa do ministro da Economia, Paulo Guedes, de bloquear reajuste nos vencimentos da categoria por dois anos
ANAJUS
27/04/2020
Enquanto o Brasil enfrenta grave crise na área da Saúde, Paulo Guedes, ministro da Economia, voltou a defender o congelamento por dois anos dos salários dos servidores públicos depois de ter a primeira proposta rechaçada na Câmara dos Deputados. Na atual conjuntura caótica da pandemia no país, com mais de 4.000 mortos em menos de dois meses, o titular da pasta atenta contra a saúde dos brasileiros, buscando enfraquecer quem está arriscando a vida na linha de frente do combate ao novo coronavírus. Afinal, são os servidores públicos que estão salvando milhares de brasileiros vítimas da crescente onda de desaparelhamento do SUS (Sistema Único de Saúde).
O novo ataque do Governo Federal aos trabalhadores públicos merece nosso total REPÚDIO. Não surpreende vindo de alguém que costumeiramente ofende a categoria sem tocar no mecanismo de apadrinhamento político cujos efeitos deletérios a atual gestão prometeu extirpar. A grande maioria dos servidores públicos está sem reajuste (não é aumento salarial) há pelo menos dois anos. Ora, congelamento já existe. Os servidores públicos não têm data-base, FGTS, passaram a pagar 14% para a Previdência Social e são sim demitidos quando desrespeitam o correto uso dos recursos públicos. Isso sem falar no desconto de até 27% do Imposto de Renda.
Até a imprensa, que sempre bateu forte no servidor público, reconhece que são os servidores públicos que estão colocando a cara nas ruas para assegurar saúde e segurança e mantendo de forma remota serviços essenciais como justiça. A grande massa da categoria ganha até R$ 2.700,00, sem os descontos. Há marajás? Sim. Em outros países, os detentores de maior renda, como os ministros da Esplanada, estão cortando na própria carne e reduzindo seus vencimentos. O senhor Paulo Guedes poderia dar o exemplo e convencer seus colegas.
Em vez de adotar uma medida não praticada em nenhum país do mundo para combater a pandemia, deveriam é cortar mordomias que ainda estão encasteladas em todos os poderes. Poderiam taxar as grandes fortunas, conforme prevê a Constituição, e atingir os grandes sonegadores da Previdência Social no lugar de oferecer a eles obesos incentivos fiscais. E nem arranham negociar o pagamento da dívidas e seus juros extorsivos capazes de fazer inveja a qualquer agiota da esquina.
Quem ganha com o enfraquecimento do serviço público? Com certeza, essa medida nunca vai compor a vacina que já está sendo pesquisada, inclusive por contra uma das maiores tragédias da humanidade.